Aquilino Ribeiro é considerado por muitos, o maior prosador do século XX na literatura portuguesa. Utilizando uma escrita muito própria, de grande riqueza, variedade e precisão, Aquilino foi o escritor que melhor desenhou com palavras a beira, suas paisagens, seus “bichedos”, suas gentes e seus modos de falar, lendas e costumes, conferindo, à sua obra, um autêntico renascimento da literatura portuguesa.
Filho de Joaquim Francisco Ribeiro e de Mariana do Rosário Gomes, Aquilino Gomes Ribeiro nasce a 13 de Setembro de 1885 em Carregal da Tabosa, concelho de Sernancelhe. Aos dez anos de idade vai residir com seus pais para a Soutosa, na Nave, concelho de Moimenta da Beira, terra à qual ficou sempre ligado. Orientado pela família para a carreira eclesiástica, inicia, em 1895, o seu percurso escolar no Colégio de Nossa Senhora da Lapa, onde faz o exame de instrução primária. Estudou em Lamego e Viseu, antes de ingressar no seminário de Beja, onde permaneceu cerca de dois anos. Devido à sua rebeldia é expulso, regressando a Soutosa, na Beira, lugar paradigmático da sua criação Literária.
Em Lisboa, para onde foi residir em 1906, dedicou-se à tradução, à escrita de artigos de opinião, à propaganda republicana e à crítica de figuras do regime monárquico. Casa com Grete Tiedemann, a 26 de fevereiro de 1914, de quem teve o seu 1.º filho, Aníbal Aquilino Fritz Tiedemann Ribeiro e a 6 de abril de 1930, em Baiona, nasce Aquilino Ribeiro Machado, filho do seu segundo matrimónio com Jerónima Dantas Machado, filha de Bernardino Machado, presidente da República destituído com o golpe militar de 1926.
Espírito sempre inquieto e avesso a ditaduras, Aquilino Ribeiro desde sempre manteve uma participação ativa na vida social do país, o que o levou a exilar-se por três vezes, a viver na clandestinidade, andar a monte, a participar em conspirações e, por ser arreigado defensor de certos valores e direitos civis, foi um dos principais opositores ao regime salazarista, sucumbindo-se a 27 de Maio de 1963, num ano de muitas homenagens públicas a que com gosto assistia. Dado o seu Grandioso Percurso caraterizado pelo empenho, intervenção e o alcance dos seus ideais, adotou como ex-libris «Alcança quem não Cansa», escolhendo para seu epitáfio a expressão «Mais não pude» …